janeiro 20, 2007
MEUS OITO ANOS Casimiro de Abreu
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
? Respira a alma inocência ...
... Em vez das mágoas de agora, Essa semana vi essa poesia e lembrei dos meus 8 anos. Tão diferente dele... Acho que foi o meu pior ano na vida....
Quando eu tinha sete anos, eu tomei bomba na escola. Fora as surras que levei, meu castigo maior foi ficar um ano sem estudar. Não que a escola fosse boa. Mas porque eu passava a semana na fazenda sem minha mãe e meus irmãos. Eu tinha que fazer todo o serviço no lugar da minha mãe. Eu era miúda e nunca conseguia agradar ele.
No dia do meu aniversário, resolvi fazer um bolo. Peguei o caderno e comecei a fazer. Tava dando tudo certo. Aí ele entrou na cozinha e perguntou o que eu estava fazendo... quando eu disse que era um bolo, ele perguntou porque. E eu ingênua respondi: é que hoje eu faço oito anos. Ele foi no forno e abriu a porta. O bolo tava lindo, alto mas murchou na hora. Ficou todo borrachudo. Mas era meu bolo e comi assim mesmo. Mas ele me disse: você vai ter sua festa. Na verdade, naquele dia, meu castigo começou de verdade. Ele me mandou deitar e veio em cima de mim. Como doeu naquele dia. Eu me sentia sozinha, e suja... Quando ele me deixou sair do quarto, fui direto pro rio. Queria lavar aquele presente e mandar ele pelas águas... Mas nada limpava, nem em cima e nem em baixo... Na verdade, meu coração também tava sujo naquele dia. Não sei se um dia vou conseguir limpar ele. Já se passaram oito anos de novo. Não posso dizer essa poesia. ... ? Respira a alma inocência
Essa semana eu sonhei que era criança. E eu era linda. Tinha o cabelo cheio de cachinhos. Estava numa casa normal e minha mãe chegava do trabalho e eu corria pra abraçar ela...
Então ai que saudade que tenho, da menininha do meu sonho...
Que esperava feliz a mãe chegar do trabalho...
Pra contar tudo o que tinha feito...
Pra poder dizer: Mãe, eu te amo...
Quando o poeta fez essa poesia, ele já conhecia a dor. Quando ele fala em vez das mágoas de agora... Eu conheci a dor nessa idade. E quem sabe um dia vou poder dizer, em vez da alegria de agora... Sei que falta um pouco ainda pra isso. Mas tenho esperança que isso ainda vai acontecer e vou poder escrever uma poesia que fale assim:
Aqueles dias de dor, me fizeram conhecer o amor...
Tudo mudou...Hoje sou feliz, é o que a vida me diz.
¤ Por:
¤ 2:45 PM ¤