janeiro 15, 2007
Fico imaginando um casulo. Como a lagarta/borboleta se sente lá dentro. Ela era feia, quando se escondeu lá. Ela se arrastava na vida. Ela sente dor e sente que tá mudando. Mas será que ela tem noção dessa mudança? E quando o casulo começa a quebrar? Ela enxerga o mundo que ela tá indo? Ela vê as cores? Ela tem noção das suas asas coloridas? O que será que ela pensa?
Eu to me sentindo assim. Uma borboleta querendo sair do casulo. Já abriu um pedaço e vejo a luz. No começo, ela me cegou mais. Eu não conseguia ver nada. Mas já vi ali na frente algumas flores e elas são lindas. Quero ir pra lá. Mas tá tão difícil de mexer. Dói tudo. E o medo do novo também.. Vi de leve uma cor nos meus braços. Eu não tenho noção ainda que são asas.
Essa semana eu enfrentei um dos meus maiores medos. Eu vi ele. No começo, só conseguia ver o chão. E ouvir aquela voz doía muito. Veio uma força, talvez da dor, talvez do amor, e olhei pra cima e consegui falar. No começo, falava baixinho. Fui aumentando e consegui expressar o que eu sentia. Não quero mais te ver. Não sou sua pois nunca fui sua. Você nunca me quis, porque vai querer agora? Não sou sua filha. Você não é e nunca foi meu pai.... Doeu muito. Aliás, tá doendo ainda. Mas eu enfrentei e acho que foi bom.
Quando ele fazia gestos tão conhecidos... Eu sentia as lambadas que levei. Não sei se era o mesmo cinto. Mas com certeza, eu não sou mais a mesma menina de antes. É . Acho que cresci. Eu enfrentei. A borboleta tá saindo do casulo. E já consegue enxergar uma vida nova que vai vir...
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